domingo, 30 de maio de 2010

O Andarilho Errante

O Andarilho Errante

Estava escuro. Nada se conseguia enxergar; mas, era até melhor assim, naquele lugar devastado, destruído e abandonado, no qual, inclusive, as árvores mortas e sem folhas, manifestavam seu ódio através do vento farfalhando em seus galhos. Indiferente, o andarilho errante avançava na região sombria, apesar de não conseguir ver nada além de um palmo de distância. Seguia sempre, rumo ao oeste, mas não sabia o que poderia esperá--lo por lá. Algo o atraía naquela direção, e motivava cada um de seus passos, caso contrário já teria virado as costas e corrido o mais rápido possível, para longe daquele nefasto local.
Havia um mortal silêncio para além do vento e a sensação constante de desaprovação que o lugar parecia lhe dirigir. O tempo passava, lentamente, e parecia corroê-lo por dentro. Desde o momento que pisara naquela terra, seu coração pulsava aceleradamente. Só algo parecia iminente nessa ruína, a morte.
Depois de incontáveis horas, ouviu o barulho d’água em movimento. Seguiu o som e se deparou com um rio escuro; não conseguia imaginar de onde nascia ou qual era seu rumo, mas a simples visão de sua sombria cor, em uma região fúnebre, foi suficiente para não se atrever a bebê-la e sequer, tocá--la. Seguiu adiante o curso do rio, percorrendo seu amplo vale.
Entretanto, aquela terra não estava totalmente desprovida de vida. Logo percebeu isso quando se viu atacado por um corvo, carniceiro, a procura de comida. A sua primeira investida, o andarilho, surpreso, deu um passo para trás, mas a ave, sagaz, seguiu os passos de sua presa e o atingiu com tudo. Com esse golpe o homem perdeu o equilíbrio, tropeçou e, desacordado, foi recebido pelo rio, que o conduziu adiante.
Ao dar-se conta, estava boiando em um lago, não havia sinal de seu inimigo e sentiu-se feliz ao perceber tênue raio de sol esquentando sua face. A escuridão passara e havia esperança; era hora de seguir em frente. Não sabia quanto tempo permanecera inconsciente, mas o tempo urgia para ele: cada segundo lhe parecia importante. Era hora de confiar em seus instintos e partir sem saber com o que deparar.



Roger W. L.

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