Chovia como não acontecia há anos. A rua ensopada com fortes pingos barulhentos ao golpearem contra o chão. Brilhava como uma passarela de diamantes, porém na contradição da palavra, dava um ar abandonado e sentimentalista, triste e frio àquela bela cidade, denominada como a que nunca dorme. Convenhamos que o horário não contribuía para uma melhor imagem daquele quadro sem moldura e monótono. Apesar da cena congelada sem nenhum movimento, era como se tudo se mexesse acompanhando o forte som que exalava o asfalto molhado pela incessante água.
Após algumas baforadas, a prova do frio foi eminente, qualquer duvida fora sanada após a forte fumaça branca que saía por entre meus secos lábios rachados pelo clima. A mão no bolso tentando absorver qualquer fonte de calor, por menor que esse fosse. Foi inútil. Passos cautelosos até o meio da rua, por algum tempo, permaneci lá parado como uma estátua, completamente imóvel. A chuva não tendia a melhorar, pelo contrario, continuava no mesmo estado, aparentando piorar cada vez mais. Ignorando completamente o fato de meu casaco ter dobrado seu peso devido à água. Uma incontrolável energia foi crescendo até se transformar num grande e estridente berro, saindo de minha garganta, passando pela minha boca e ecoando por toda a rua, pairando pelos ares, sustentado pelos músculos do meu tórax. Um ato, talvez, inoportuno, talvez libertador, mas seguido de uma incontrolável e contagiante gargalhada, possibilitando que uma grande ansiedade e até mesmo angustia saíssem de dentro de mim. Mais alguns instantes e com passos firmes e satisfeitos, virei de costas para você e saí andando com um sorriso na cara e uma combinação extravagante de sentimentos na alma.
Na insegurança de cada dia. E eis um grande desafio.
Diadorim
domingo, 30 de maio de 2010
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