terça-feira, 5 de outubro de 2010

O QUE FAZ DE MIM EU

O que faz de mim eu
Não são os tecidos descombinados que uso,
O que faz de mim eu
Não são as etiquetas que promovo sem receber algo em troca,
O que faz de mim eu
Não são músculos, ossos, gorduras e vísceras em desproporção,
O que faz de mim eu
Não são óculos, relógios, brincos ou pulseiras em mim pendurados,
O que faz de mim eu
Não são festas, compromissos e impostos que deveria pagar,
O que faz de mim eu
Não são os olhares, as desconfianças que a mim lançam,
O que faz de mim eu
Não é o meu nome de origem celta e meu apelido de origem carinhosa,
O que faz de mim eu
Não é o signo que não pude escolher,
O QUE FAZ DE MIM EU
...
São as minhas ações e palavras que com a minha morte me manterão vivo.

DADEMESIDENTI

RAÇA

Não adianta
Você nasceu assim
Latindo aos quatro ventos
Sem respostas nem alento.
Chorando, talvez alguém
Te console oferecendo carinho
Nunca um lenço.
Abrigo,
Vá procurar na rua
Aprenda a rosnar revirando lixo
Quem sabe assim você
Consiga um nome, respeito
E a amizade de alguém
Que lhe traga as coleiras
Jair Guilherme Filho
Eu sonhei com o céu e acordei no paraíso
Levantei da cama e comecei com meu vicio
Minha guitarra é minha arma, meu som.
Esse é um vicio que não tem preço não
De skate eu vou descendo a ladeira
E o sol vai sorrindo pra mim
Levo você no pensamento, você é sol dentro de mim.

Abra sua mente e deixe o amor te levar
Experimente e sensação de pode se libertar
Te levo para o céu se você acreditar
que as estrelas que não brilham também podem voar
você disse pra mim que ainda não aprendeu a amar
então quem sabe um dia desses eu possa te ensinar

é que sabe aquele tipo de menina que não te deixa dormir
te faz rolar a noite inteira na cama sem ter como sentir
a tua pele o teu cheiro o teu jeito de olhar
o seu gosto seu desejo seu jeitinho de falar
e o mel da sua boca que vem sempre em horas boas
revelando sentimentos difíceis de encontrar
e eu com a cara mais lavada sem medo de nada venho a escrever
palavras bobas ,porém sinceras, estou falando sério quando digo
que amo você...





Oficina do Diabo
Passe por mim
e passe pra mim o seu perfume.
Passe por mim,
ao seu amor meu coração não é imune.
Passe por mim,
a indiferença só me pune.
Passe por mim,
meu sofrimento chegou ao cume.
Se não passas por mim,
ao menos uma vez ao dia,
me consome o ciúme.

Alluno
A sua loucura
é sua ambição
fazendo do meu ser muito normal
não demonstre medo ou qualquer reação
transforme tudo isso em uma canção

e o que nos resta apenas uma reza
confiar em quem destrói e conserta
muitos querem paz e outros querem guerra
ter que lidar com alguém que quer a sua merda

por trás querendo te ferrar
pela frente sorrindo pra você
por trás querendo te ferrar
pela frente sorrindo pra você

e o que nos resta apenas uma reza
confiar em quem destrói e conserta
muitos querem paz e outros querem guerra
ter que lidar com alguém que quer a sua merda
e no fim nada é pra nós!





Oficina do Diabo
Tantas idéias pra tão pouco espaço na televisão
tanta loucura pra um pouco mais de atenção
e tudo que eu digo tem que ter uma razão
e tudo que eu canto tem que vir do coração
as pessoas vão e eu fiquei pra trás
mais nunca é tarde pra ser tarde demais
cansei de mentir não vou mais fugir de mim

mesmo que assim só me reste
uma pontinha de imaginação
eu uso ela todinha
e transformo em uma canção

eu ando tão perdido
e tão fácil de me encontrar
em qualquer barzinho
em qualquer outro lugar comum ao sol!


a cabeça girando
me agite antes de usar
a noite está acabando
e o show pode parar
é.. que eu ando tão sozinho
e tão fácil de me apegar
a quaisquer pessoas
a qualquer outro lugar comum ao sol!





Oficina do Diabo
Etiqueta gente chata e careta
de todas as maneiras querendo nos uniformizar
engomados sintéticos e calados
todos os bonecos robôs dessa situação

elegância, fica pra depois
liberdade, já pros corações
cheios de censura cheios de frescura
decore tudo e não se esqueça de manter a sua postura

moralidade cem por cento
pecados capitais
minha religião urbana prega o prazer e não o mal
e se existe um preconceito
a culpa é de quem?
nós temos a solução e o erro é de vocês
querer julgar o certo e o errado
o bem e o mal baseados nos princípios
de alguns otários que não têm coração
que só sabem dizer não e que acreditam estar sempre com a razão

etiqueta gente chata e careta
de todas as maneiras querendo nos uniformizar
engomados sintéticos e calados
todos os bonecos robôs dessa situação





Oficina do Diabo
Boa noite,
Não tente se esconder mais uma vez,
pois vou te encontrar
e em ti me amarrar
beijar-te-ei a sua tez.

Não esconda seu perfume,
pois o guardo em minha roupa
sua essência não é pouca
farejá-la é meu costume.

Não oculte seu amor,
pois lá dentro é latente
não finjas que não sente
minhas palavras com calor.

Se nos meus sonhos aparece
é que há pouco eu a vi
e nos poemas que já li
debruço minha prece.

MARLY LOURUI
O tempo passa
e nada muda de lugar
o mundo é o mesmo
sempre alguém pra comandar
e o dia a dia
a agonia de servir
um estado de corruptos
que se esquece de prosseguir

e de que vale votar
se as promessas são em vão
todas são tão sólidas até o fim da eleição
e se tá bom pra você
talvez não esteja pra mim
quem é a pessoa certa pro futuro do país

e de que vale votar
pra saber quem vai ditar
as regras de um jogo que só ganha quem blefar
e me condenam porque vivo na contramão
não entendo porque tanto ódio e preconceito
por parte
do meu pais
por parte
do seu pais
por parte
nosso pais
por parte
esse pais





Oficina do Diabo

A sociedade competitiva na qual vivemos...

A sociedade competitiva na qual vivemos...

O que na realidade significa ser um ser humano?
Primeiramente significa ser um ser racional,
realizando ações de uma maneira humana...
Infelizmente, ultimamente não tem sido bem assim...
a sociedade na qual vivemos é muito competitiva,
e, na maioria das vezes, se aquele tio puder puxar naquele momento o seu colega para baixo, pode ter certeza que ele vai puxar.
Porque é ele que vem em primeiro lugar!
E a maioria dos seres humanos hoje em dia pensa assim.
“Eu primeiro e depois ele”
Está mais do que na hora desta sociedade na qual vivemos mudar de atitude.
E aonde foi parar aquela frase tão bonita” Ame o próximo como a ti mesmo “
não é cabível esta ideia tão mesquinha de sermos tão donos de si.
SIM, está mais do que na hora de nos doarmos mais aos nossos semelhantes, vamos começar a pensar um pouco no próximo.
e começar a realizar atos mais humanos e racionais,
afinal, seres humanos agem a partir da razão, não é mesmo?

Amigo do macaco

domingo, 30 de maio de 2010

Devaneio

Devaneio
Ao amigo que me contou seu desejo
Quero sair pela manhã para enfrentar o batente,
Deixar o som ligado no último volume,
Tem que ser música,
Qualquer bela música que inunde a alma,
Como perfume que inebria,
Atravesse os corredores,
Espaços todos repletos,
Bata nos vidros
E reflitam...
E resistam...
Ecoam em silêncio,
Todos espaços repletos,
Bomba prestes a explodir,
Explodiriam em notas musicais,
Pássaros em dó, ré, mi, fá e sustenidos,
Tem que ser música,
Que quando volto desumanizado sem tom,
Encontrarei meu lar com canções espalhadas como luz.
Allunu

“Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem”

“Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem”
Lucas 23, 34
Justo, pessoa que se comporta de acordo com a justiça, a equidade e a razão.
Qual seria a suposta justiça encoberta pelas inocentes palavras jogadas caoticamente no papel em branco?
E quanto à equidade? Que significa correção no modo de agir ou opinar.
Perdeu-se na equivocada intenção de tentar ser criativo, pois se preocupara com o início, porém, há de existir meio e fim e com isso, um todo coerente, uma trama.
Verborreia, verborragia, falácia!
Escreveu e nada disse!
Se pensarmos na razão...
O abismo multiplica-se.
Capacidade de raciocinar, de julgar, de compreender, de conhecer; a inteligência em geral. Correção, racionalidade em raciocínio ou julgamento feitos; bom-senso. Funcionamento normal das faculdades intelectuais; LUCIDEZ. Argumento, alegação, justificação.
Entre outros significados, isso é razão.
O que seu texto tem a ver com a ratio!!!
Portanto, prepara-te mais,
Muitíssimo mais.
NABAL
JUSTUS
MUITAS
LETRAS
E
POUCOS
SUSTOS
JUSTUS
ÀS
BELAS
LETRAS
MUITOS
INSULTOS


EM DEFESA DOS BONS...TEXTOS

PERCEPÇÕES

PERCEPÇÕES

Já vivi dias melhores. Se hoje vagueio pelas ruas, ignorado e sem perspectiva, foi por não ter tido forças para lutar contra o vício da bebida. Minha vida mudou muito, desde então. Passo o dia observando as pessoas e seus hábitos; suas atitudes não só em relação a mim, que para seus olhos não passo de um mendigo qualquer, mas em relação ao mundo que os cerca e às coisas que não dão valor.
Vejo isolamentos, indivíduos percorrendo seus caminhos sem perceber os que estão a sua volta. Então por que chamar de cidade um conjunto de pessoas que não interagem, que mal se importam umas com as outras? Fica a sensação que já não faço mais parte dessa cidade, que a ela não pertenço ou ela não me pertence. Como se eu fosse um mero turista; apenas de visita. E não é porque hoje sou de um segundo lugar, que sofre preconceitos. É porque ninguém tem mais olhos pra ninguém.
Não era assim nos meus tempos de riqueza, quando as pessoas ainda se preocupavam umas com as outras (eu mesmo não dava muita importância pra isso, mas hoje consigo entender). Não era essa coisa da mãe falando ao celular enquanto o filho chora, nem de moleque que fica horas na frente do computador sem falar com ninguém. Os que habitam esta cidade estão desumanizados. Outro dia, enquanto pedia umas moedas na calçada, vi um empresário passar sem responder para o porteiro que lhe dizia: bom dia. E por quê? Porque ele se veste melhor, estudou e tem diploma? Ou só porque ele se acha melhor? No metrô, cansei de ver jovens saudáveis sentados, sem dar lugar a senhoras de idade agarradas nos postes pra não cair. É assim que assim vamos criando o isolamento, sem perceber que deveríamos fazer parte de algo maior. Deveríamos formar uma sociedade, não deixar que o individualismo fale mais alto.
Na vida humana, nada possui respostas únicas. E, pelo que vejo atualmente, as perguntas são mais importantes do que as respostas. Não seria disso que essa sociedade precisa? Questionar, perguntar se o que está fazendo, ou melhor, se a forma como está vivendo pode ser chamada de cidadania? Ser apenas indivíduo não é ser cidadão.
As pessoas devem se perguntar: o que posso fazer para melhorar? Como EU posso ser um cidadão e contribuir para a formação de uma verdadeira sociedade? É isso que quero ensinar para meus filhos? Nós somos os construtores do que ainda não é, mas é possível ser.
Mudei sim, acho que a vida quis que fosse desse jeito. Perdi tudo que tinha, casa, mulher e família. Foi terrível, mas ainda assim consegui enxergar algo positivo. Porque foi apenas deste modo, estando do outro lado, é que pude perceber o quanto é preciso que as pessoas se ajudem pra formar uma sociedade verdadeira. É preciso ver o que a segregação nos impede de enxergar: o coletivismo, a solidariedade e a humanização, que representa o verdadeiro espírito de uma sociedade.

Homem Perfeito ou não

Homem Perfeito ou não
“O que ele tem de mais para ser tão perfeito assim”, foi o que Jessica me disse quando falei que estava apaixonada.
“Jess, ele é lindo, tem cabelos castanhos, olhos castanhos claros, anda de skate, surfa, anda de moto (de vez em quando), toca guitarra (isso me mata), tem 16 anos, vive sempre sonhando demais, é fofo, educado, tem 1,70m, deve pesar uns 65 quilos”, eu penas pensava nele e em nada mais naquele dia, só que nunca ele podia ser meu, tinha acabado seu namoro a pouco e estava em depressão.
Algumas semanas depois do choque de Jess, contei-lhe que sentia uma dor forte, contei-lhe que essa dor não poderia ser curada tão cedo, pois quando o amor não é correspondido dói mais. Depois de semanas, quatro para ser exata, descobri que esse cara estava afim de mim. E agora? O que fazer?
Decidi então tentar encontrá-lo mais nada certo. Comecei a namorá-lo durante as férias e assim foram os meus últimos 15 melhores meses. Depois que o perdi nunca mais fui igual, mais também nunca deixei de sonhar com ele, pois sem que nosso amor não tivesse fim, e o nosso namoro só acabou, pois os amigos deles (se é que podemos chamá-los de amigos) foram tão compreensivos que deixaram o meu amado com dor de cabeça depois de tanto falar para ele terminar.
Hoje estou só pensando no que poderia ser, ainda conto os meus segredos para a Jessica e sempre contarei,ainda tenho a ideia de velo novamente,poder beijá-lo e assim viver um feliz para sempre.
R. L. Drakonovovith

Geografia

Geografia,

O geografia que vem de carro a escola.
Qual é o problema?
Não ligue para criticas que vosso companheiro que se diz
Mais comunista que voz.
Geografia, você que tenta nos passar seus conhecimentos
Nem sempre compreendido por nos, mas tenta passar o
Modo de viver melhor, um jeito mais justo de ver e dividir com próximo.
Não se ofenda geografia, nosso amigo, ele acha que só por você ser comunista, você tem como obrigação sair na rua distribuindo o que você tem para acabar com desigualdade num piscar de olhos
Além tudo, creio que a geografia não seja nenhum pouco materialista,
Mas você, tenho minhas duvidas
Podemos apostar que o Senhor, que se diz do Partido Comunista do Brasil, deve
Ser um desbravador do mundo, aventureiro e que, além de tudo, se diz culto
Por apenas andar de ônibus, mesmo que sendo por falta de escolha
Pobre geografia, chamada de hipócrita injusta-mente apunhalada pelas costas
Aposto que o Pcdo B nunca daria a cara à tapa, nunca falaria um a olhos nos olhos
Com a geografia. ,
Anonimô

Frenesi

Frenesi
Avanço na busca do enigmático ao menos em seu contexto histórico. Desatarei por hora da pessoa em si ou de sua origem etimológica, buscarei em seu passado o presente, um caminho a mais a ser sulcado em busca do arcano.
Quiçá uma interpretação bíblica possa ser a saída, pouco se sabe sobre o tema, pouco sei ao menos. Creio que em seu passado Nabal aventurava-se com Abigail, casados eram. O homem criava ovelhas e cabritos, contudo traira ao rei, não lhe prestando serviços ou favores que o devia. O remate distancia-se de clichês de prósperos fins, Rei David conquistou a viúva de Nabal, o protagonista já havia finado. Ficou marcado historicamente, como demasiado imprestável.
Posso asseverar, pois, que etimologicamente, Nabal nada mais é do que “insensato”. Claro, insensatez para alguns, cabe-me afirmar que não o acho, pois de modo mais messiânico o insensato ressurge, causando indiscrição a todos que veneram suas palavras, nasceu Nabal e renasceu David.
Ragazzo
“É por isso que se mandam as crianças à escola: não tanto para que aprendam alguma coisa, mas para que se habituem a estar calmas e sentadas e a cumprir escrupulosamente o que se lhes ordena, de modo que depois não pensem mesmo que têm de pôr em prática as suas ideias.”
Immanuel Kant

FETO GRILL

FETO GRILL

Feto Grill: ''A melhor carne humana no espeto!'', esse era o lema da minha antiga preferida churrascaria, o Feto Grill. Eu como admirador da saborosa carne humana ia lá todos os domingos na hora do almoço, um lugar agradável e chique. Não vou perder meu tempo contando qualquer outra coisa de minha vida, apenas como eram meus almoços nas tardes de domingo.
Logo de cara, na entrada já tinha algo que eu adorava, o cordão umbilical com azeite, uma delícia, macio e gosmento. E não era isso de entrada não! Tinha também o narizinho temperado e o salpicão de mindinhos. Era bom, pois como eu era conhecido por lá eu era muito bem tratado, portanto o maitre, de vez em quando, me dava de cortesia um dos pratos mais caros da churrascaria, o queixo na manteiga, como aquilo era bom!
Após eu me encher com a salada era hora de começar a comer de verdade, para quem não chegou a conhecer o Feto Grill, era como esses rodízios modernos, as carnes trazidas nos espetos, bem ou mal passadas e o garçom fatiava a carne na hora. Eu não recusava nada, tirando, é claro, a panturrilha grelhada, não sei porque aquilo não me fazia bem, enfim, fora isso não havia nada que passava reto pelo meu prato. Sola de pé, língua, coração (o verdadeiro e saboroso coração, não coraçãozinho de galinha sem graça), mamilos a milanesa, pescoçinho gratinado... Era tudo espetacularmente bom. Após eu estar com carne até não aguentar nem mais uma orelha eu finalmente ia para a sobremesa. Fora algumas sobremesas mais incrementadas haviam duas mais clássicas e as que eu costumava pedir. O bolo de lábios com calda de sangue e os olhos caramelizados. Normalmente eu pedia as duas, mas no inverno o bolo não era tão bom, pois os lábios ficavam ressecados. E era isso.
A clientela foi abaixando e o Feto foi fechado a cerca de cinco anos. Hoje em dia não acho muitos restaurantes de carne humana, e nenhum deles se quer chega perto da qualidade do Feto Grill, mas ainda fico na esperança de achar um parecido, é o que sempre digo, não morro sem comer os queixos na manteiga mais uma vez!



Eu.

“Tentando deixar o mural engraçado.”

Á noite.

Á noite.



Na calada da noite ela saiu,
E,
Como se estivesse saindo para fazer algo rotineiro,
Fugiu.

Na calada da noite ela fugiu,
E,
Sem se importar se alguém ouviria,
Riu.

Ela ria
Ria de alegria.
Ela andava,
Andava pela estrada.

Na calada da noite ela desapareceu,
E,
Sem derramar nem mesmo uma gota de lágrima,
Sumiu no breu.
subuccuS

SOS sem P.S

SOS sem P.S.

Querida Sarah,

Desde sua partida não faço outra coisa a não ser me perguntar quando irá voltar, quando vamos ir para a cidade novamente e quando eu finalmente vou poder ver o seu sincero sorriso. Esses tempos têm sido extremamente difíceis para mim. Estou furiosa e ao mesmo tempo confusa, não sei como lidar com tal situação minha irmã. Realmente preciso de você. Tenho certeza que mudei muito por conta dos acontecimentos da ultima semana e não tenho vergonha se admitir que não foi uma mudança boa para ninguém de nossa família. Se esta se perguntando o motivo de tal mudança, eu lhe conto. Na verdade, o motivo tem nome e sobrenome e se chama: David Gray.
Foi o charme, o sorriso ou os olhos penetrantes que me enganaram durante dias? Não faço ideia, mas de uma coisa eu garanto, ele não vale nada. Se está confusa eu vou começar a contar desde o inicio:
Eu estava esperando por nossos pais no jantar que tivemos na casa dos Gray semana passada. Parece que o grande herdeiro chegou à cidade e teve uma festa de comemoração. David e eu conversamos durante horas, falamos de tudo um pouco, ele me contou onde morava e o que fazia antes de descobrir seu sobrenome. A conversa foi tão agradável que perdi completamente a noção do tempo. Só quando papai me encontrou, com sua cara emburrada de sempre e os olhos semicerrados, percebi que já passava da meia noite. Mas em momento algum ele disse que era o herdeiro da família Gray, fui descobrir dias mais tarde enquanto eu e Rebeka tomávamos chá, ela parecia tão convencida e arrogante ao me contar que ele era o herdeiro da família mais rica de toda cidade e ela era uma forte candidata a se casar com ele. Por pouco não joguei meu chá na sua cara para lhe dar uma lição.
Depois daquele dia não voltei a encontra-lo e mesmo assim não consigo parar de pensar nele. Mamãe já notou que eu ando distraída e quieta até deixei o jantar queimar semana passada. Tento falar com ela, mas não consigo, só você me entende, irmã. Ah, por favor, volte logo para me ajudar. Não sei o que fazer, ele simplesmente não sai da minha cabeça e é constrangedor pensar nele em todos os momentos que estou consciente! Posso jurar que há três noites sonhei com ele, mas não quero falar no assunto por uma carta.
Ah Sarah, o que está acontecendo com sua irmãzinha? Será que estou apaixonada?

Com amor, Rachel

PULGUENTO

PULGUENTO
Ficam discutindo que nome vão me dar
Nomes estrangeiros que não consigo nem falar
Se não tenho nem identidade,
Sou mal estruturado,
Meu dono não é único, é coletivo.
Sou velho e tenho uma belíssima história.
Querem me mudar, mas nem sei quem sou.
Tenho muitas pulgas.
E como correm.
Muitas me destroem!
Não sou delas, não sou do único, sou do coletivo.
Algumas pensam e parecem que têm sábios guias.
Querem me tirar daqui!
Me levar para outro lugar.
As pulgas se renovam e renovam a sujeira.
Ás vezes, silenciam-se com medo e tensão.
Eu quero um guia!
Quero seguir em frente sem latir!
Carregando minhas pulgas!
Escrevo como cão, mas sou pulga!

POESIA ESCONDIDA

POESIA ESCONDIDA

As palavras deste texto
Embaralham na minha mente
Também vagueiam entre livros
Há poesia já latente
Me admira o provençal
Sábio amante medieval
Fazia alegre toda gente

Se soubesse da poesia
Derramava no papel
Floreava os meus textos
Tal qual o sábio menestrel
O papel fica me olhando
O lápis já vai apontando
Como o pão espera o mel

Que me resta é a leitura
Dos poetas do mural
Me agradam, me endoidecem
Me tirando todo mal
Passo olho diariamente
Torno o dia sorridente
Viva o Ragazzo e o Nabal.
Cordélio
Pobre geografia,
o capitalismo ela critica
é tão hipócrita quanto à burguesia...
diz-se ser comunista
e vem de carro todo dia

a sensação de entrar num ônibus lotado tem de ser dividida...

pobre geografia
não se sinta ofendida
essa não é nossa intenção
nós também queremos uma solução

Então esqueça tudo isso e vire absolutista... conhaque ou tequila!

Leia como o mural manda!

PCdoB ★

Lembranças da dor

Lembranças da dor

Nos olhos da minha dor,
quem não vê é cego.

A solidão não me preocupa,
o que me preocupa é a rigidez das brigas.

Se o passado mudou o presente,
vamos fazer com que o presente mude o futuro.

Minha dor não é de um dia,
mas sim de vários,
que irão se estender até o dia em que você não fizer mais parte de mim.

Essa dor viverá para sempre,
Porem sempre escondida,
Pois o que aconteceu,
Sempre ficará nas lembranças dos meus olhos.





9.5.2010
BBF

Criando rumos indiferentes tentando instruir crianças adolescentes.

Criando rumos indiferentes tentando instruir crianças adolescentes.

Editando sarcasmo sem aprovação desses indivíduos simplesmente cria uma soberania suprema ao omitir esperança nos trabalhos redigidos empiricamente.
Nos atinge bombasticamente altruisticamente, lamentavelmente este reconhecimento acabará gerando atrocidades, zangará zuretas, outorgará esculachos bem atrasados, nivelando as luxúrias.









Jeitos universais são todos os símbolos

Fim

Fim

Homem menino, por que você fez aquilo?
Minha cabeça você bagunçou,
meu coração, desmoronou.
Minha alegria, não contagia.
Minha dor, só causa rancor.
Por que você fez aquilo?

Num dia contente,
foi tão de repente,
a notícia chegou,
e você se afastou.

A maldita me afastou,
E você gostou.
Preferiu-a mim,
Sem problema, pois vai ser o fim.




Piggy

Fado Abrasador

Fado Abrasador
Vivia pacificamente em frente a uma pequena vila na Rua das Ladeiras. Morada modesta, mobília antiga e muretas amareladas. José Gaspar Francia, o caudilho paraguaio, morava logo ao lado e nunca se desatava de sua serpente que estava sempre descamando, assim como as paredes de meu teto.
Vizinhança metediça e intrometida, sobretudo, Dona Rita, ancestral, macérrima e mais venenosa que a serpente do caudilho. Tinham aversão a mim, o mais claro convencionalismo, no entanto motivos não lhes faltavam, carecia de estudos. Apelidaram-me Burro-da-Ladeira, relinchava. Confiava apenas no caudilho, sempre me amparou, éramos quase irmãos, unidos desde tempos imemoriais, ainda mais por ter memória breve. Não podia permanecer por lá eternamente, tinha que mudar, transformar-me por inteiro. José acordava, mas não podia fazê-lo por ser muito apegado àquela vida na Rua das Ladeiras. Tardei, mas parti, nômade, vagante e peregrino.
Sem alento e bronze, caminhava desluzido e só. Nunca desesperançado, não é a toa que nos fins de tarde, quando as lotéricas já quase fechavam, gastava meu único vintém num papel enumerado, não negarei, jamais tive fé que embolsaria o abastado prêmio. Meramente aconteceu, acredite, ganhei. A priori tinha apenas em mente gastar tudo vorazmente, me vingando da sociedade que nunca me acudiu, cada quebrado gasto me lembraria das caçoadas de Dona Rita e das bolachas de Seu Mário. Mas como poderia esquecer-me do anjo benigno encarnado, o caudilho? Fui ao seu encontro após longos e intermináveis anos.
Custava a achá-lo, procurei em todo canto, na Vila não mais estava, foi triste rever aquelas banda empós tantos. Foi Dona Rita, a megera, que me informara com gosto a notícia fatídica. Gaspar Francia havia sido engolido pela víbora, não me refiro a Rita, mas a sua domável cria. Apanhei um punhal que guardava em tempos de covardia, Rita nunca mais fora vista. Gaspar, engolido pela cobra, Rita pelo punhal e eu, pelo ditoso destino.

Ragazzo
“O homem é bom por natureza. É a sociedade que o corrompe.” Jean-Jacques Rousseau
Estava ruim para todos. Não acho que sofro, assim como os meus colegas, mais do que os mestres.
Encontro uma fuga nesses meus pequenos e singelos escritos; despretensiosos como literatura, mas ambiciosos como um despertar. Em meio às hemácias, progressões aritméticas, terremotos no Chile, as Grandes Navegações, encontro paz, é mesmo, nas minhas divagações.
Sou jovem, penso em festa, amores e, é claro, em sexo. A primeira já cansei, o segundo tenho medo e o terceiro, só pensei, por isso procuro na minha pseudo-literatura a agitação dionisíaca e a sublimidade de Afrodite.
Na fragilidade que me rotularam, procuro força para essas amarguradas palavras.
Não sou feminista, sou poeta.

Delusus
Andava, parava.
Andava, cheirava.
Andava, pegava.
A flor que mais chamava.
Andava, olhava.
Olhava e andava.
Andava corria.
Corria e sorria,
Sorria para a amada
Que na janela o esperava.


subuccuS

BIG BROTHER

BIG BROTHER

Descarregam todo dia
Um milhão de informações
Nada disso me conforta
Jornalistas sem noções

Âncoras alucinados
Que adoram a carnificina
Falam mal, mas só dependem
Da marginal, a assassina

Motoboy como sanduíche
Entre a roda e o asfalto
O repórter sorridente
Regozija lá do alto

À tarde, na tevê
Big Brother do diabo
Jorra sangue do aparelho
Happy end adiado

Fascio Oli e D’ antena
Mafiosos tupiniquins
Se reúnem toda noite
Com o canhoto nos confins!

A COCKWORK ORANGE
Chovia como não acontecia há anos. A rua ensopada com fortes pingos barulhentos ao golpearem contra o chão. Brilhava como uma passarela de diamantes, porém na contradição da palavra, dava um ar abandonado e sentimentalista, triste e frio àquela bela cidade, denominada como a que nunca dorme. Convenhamos que o horário não contribuía para uma melhor imagem daquele quadro sem moldura e monótono. Apesar da cena congelada sem nenhum movimento, era como se tudo se mexesse acompanhando o forte som que exalava o asfalto molhado pela incessante água.
Após algumas baforadas, a prova do frio foi eminente, qualquer duvida fora sanada após a forte fumaça branca que saía por entre meus secos lábios rachados pelo clima. A mão no bolso tentando absorver qualquer fonte de calor, por menor que esse fosse. Foi inútil. Passos cautelosos até o meio da rua, por algum tempo, permaneci lá parado como uma estátua, completamente imóvel. A chuva não tendia a melhorar, pelo contrario, continuava no mesmo estado, aparentando piorar cada vez mais. Ignorando completamente o fato de meu casaco ter dobrado seu peso devido à água. Uma incontrolável energia foi crescendo até se transformar num grande e estridente berro, saindo de minha garganta, passando pela minha boca e ecoando por toda a rua, pairando pelos ares, sustentado pelos músculos do meu tórax. Um ato, talvez, inoportuno, talvez libertador, mas seguido de uma incontrolável e contagiante gargalhada, possibilitando que uma grande ansiedade e até mesmo angustia saíssem de dentro de mim. Mais alguns instantes e com passos firmes e satisfeitos, virei de costas para você e saí andando com um sorriso na cara e uma combinação extravagante de sentimentos na alma.
Na insegurança de cada dia. E eis um grande desafio.

Diadorim
Contento-me em vê-la
Como em um filme na tela.
Acaricia-me a alma
Em uma manhã não tão calma.
Seu sorriso me ilude
Ah, se não eu fosse tão rude!
O seu perfume é tão doce
Que no tocar lhe tenho em posse.
Seu andar é como dança
Como um riacho em água mansa.
Sua indiferença me faz tão mal
Que te tornas sensual.
Sua partida me corta em postas
Fico triste, não me gostas.
PALGSB

Meu mundo

Meu mundo

Gostaria de ser jornalista, por isso estudei muito, entrei na melhor faculdade e fui parar em uma tendenciosa revista semanal repleta de propagandas. Não querem saber do que escrevo, querem vender a revista e todos os produtos que lá residem.
Morri de desgosto.
Gostaria de ser policial, por isso encorajei-me demais, não estudei muito, entrei na melhor academia e fui parar em uma delegacia cheia de ratos. Não querem saber de justiça, querem vender a alma e todos os segredos que lá resistem.
Morri de decepção.
Gostaria de ser religioso, por isso entreguei por inteiro, entrei na melhor escola e aqueles a quem deveria salvar me procuram por dinheiro. Não querem saber de paz, querem vender a alma para atroz consumismo.
Morri sem amor.
Gostaria de ser um Homem, por isso amei demais, não estudei nada e entrei sorrindo na vida. Encontrei aqueles que me querem e querem fazer o bem.
Morri sozinho.
A COCKWORK ORANGE

INVEJA BOA

INVEJA BOA

Quem me dera ao menos uma vez poder citar Goethe, Machado como il ragazzo audace, ser íntimo de Kafka e de seu monstruoso protagonista, Samsa, como o inteligente Nabal.
Quem me dera ao menos uma vez falar da Montanha Mágica, de Ulisses e do sublime Grande Sertão: Veredas, como o admiravelmente estranho e inteligente Moré.
Não sei se os dois primeiros conhecem sobre aqueles que falam.
Quanto ao freak Moré, sua íntima paixão com os gênios é pungente.
Quanto a mim, me resta citar Ragazzo e Nabal, sejam uno, due o un gruppo.

Balzo

O que virá depois disso?

O que virá depois disso?
Quão terrivelmente delicadas são as demonstrações de afeto hoje. Amedrontam-me e inibem-me. Não as faço e endureço meu coração, porém, se escancaro, me confundem.
Cansei-me da insolucionável discussão entre emoção e a razão, nem sei qual expediente estou usufruindo agora para tal reflexão.
Depois da lição 29, penso que meus pensamentos ilustram bem a incoerência narrativa.
Pensando bem, sou humanamente incoerente!
Não tenho lado racional, tão pouco emocional!
Por hora, toco a vida no modo randômico.
Pícaro Sisudo
Sabe aquele tipo de menina
que não te deixar dormir
te faz rolar a noite inteira na cama
sem ter como sentir
a tua pele
o teu cheiro
o teu jeito de olhar
o seu gosto
seus desejos
seu jeitinho de falar
e o mel da sua boca que vem sempre em horas boas
revelando sentimentos difíceis de encontrar
e eu com a cara mais lavada sem medo de nada
venho a escrever palavras bobas, porém sinceras
estou falando sério quando digo que amo você
você é o meu vício perfeito
não tem nem um defeito
anjo meu só falta voar
e digo mais
com as três palavras chaves
um pouco do seu charme
é o bastante pra me enlouquecer
Eis que surge, em meio à balbúrdia e dissonância da escola moderna, o elemento que sancionará o educador da área portuguesa. Dentre tantos exagerados e excêntricos que escrevem para este saudoso mural, serei mais um.
Cretino é aquele que se refere aos mais variados autores generalizando-os, e ao mesmo tempo dispondo-se a ser apenas outro. Sabendo-se disto proponho-me a salientar o poder dos buliçosos alunos.
Com esta apresentação torno-me benevolente, dar-te-ei com esmero os mais dispêndiosos textos, com o único desejo de sua atenção. E famigerado será aquele que censurar-me, pois só o que me faz escrever é a ventura de ser lido por você.
Entretanto não serão textos intrínsecos, podendo haver críticas, que por sua vez serão bem vistas e aceitas. Não sejam contundentes, pelo contrário estejam prontos para recepcionar-me.
É melhor ser complacente a ser coerente, complacência é a melhor coisa que existe, assim como a coesão na narrativa.

Grato (a)

SABUGO

Vestígios Seus

Vestígios Seus


encontrar palavras que o descrevam,
me dá insegurança e dificuldade,
para fazer uma poesia,
com o simples toque da melodia.

falar apenas coisas,
de cada batimento do meu coração,
já é em vão.

um muro entre nós colocado,
acabou com meus versos,
agora derramados.

pequena ilha eu sou,
sozinho e ignorado,
esperando que você volte..
só peço que se solte..

evnosiop

VISÃO

VISÃO

As horas se arrastavam enquanto eu esperava a sua presença. O tempo não me deixara esquecer a perfeição de seu rosto. Vê-lo era a única coisa que podia me fazer sentir melhor. Estava na mais profunda e imensa escuridão. Chovia muito lá fora.
Foi quando duas batidas na porta me salvaram. Levantei-me num salto e escancarei a porta. Lá estava eu, ridiculamente nervosa; e lá estava ele: o meu milagre pessoal. Meus olhos acompanharam suas feições pálidas; o quadrado do queixo, a curva suave dos lábios cheios (agora formados em um sorriso), a linha reta do nariz, o ângulo agudo das maçãs do rosto, e o mármore macio da testa (ocultada por uma mecha de cabelo bronze, queimado). Sabendo que, quando olhasse para os olhos perderia o fio do pensamento, deixei-os por último. Eles eram grandes, calorosos como brasa e emoldurados por uma franja grossa de cílios escuros.
Olhar seus olhos sempre me fazia sentir maravilhada, extraordinária, como se meus ossos tivessem virado esponja. Eu também me sentia um pouco tonta, mas isso deveria ser porque me esquecia de respirar ao seu lado.
Peguei a sua mão e suspirei quando seus dedos frios encontraram os meus. Ao tocá-lo, sentia uma sensação estranha de alívio, como se eu sentisse uma dor intensa que, ao calor do toque repentinamente, cessasse.
Ah, como isso era reconfortante, ao seu lado, olhando nos seus olhos, eu me sentia segura. Eis alguém que eu amava. Ele entrou em minha casa e me beijou.
Suas mãos tocavam suavemente meu rosto, e seus lábios quentes, eram gentis, inesperadamente hesitantes. O beijo foi breve e muito doce.
Era um fato com provado, eu o vi e tudo ficou melhor.
Após dois dias, recebi um telefonema. Preferia ter morrido ao tê-lo escutado. Era um convite, um convite para o sofrimento; ele havia morrido num trágico acidente de carro e eu estava sendo “convidada” para ir ao seu enterro.
Afundei no sofá ao ouvir a notícia, permitindo que a fraqueza me esmagasse. Lutei para me controlar, mas as lágrimas caíam desesperadamente. Perguntei-me se um dia elas acabariam.
Chorei durante semanas e não fui ao enterro.
As lágrimas teimavam em cair. Eu não conseguia parar de chorar, elas me consumiam por inteira, era algo inexplicável. Eu já não dormia direito, mal enxergava as coisas. A tristeza havia me dominado completamente. Por mais que vasculhasse em minha cabeça, não achava uma reserva de forças.
Triste, acabada, meu coração martelava audivelmente, olhei para frente sem nada ver. As lágrimas haviam secado. Mas junto com elas o meu sentido de ver. Fiquei cega.
Por incrível que pareça, preferi deste jeito. Assim, saberia que querendo ou não, nunca mais conseguiria vê-lo de novo, estando ele morto ou vivo ao meu lado. A ação ou o efeito de ver já não era mais tão importante.
Nunca mais veria a perfeição


Boas Noites

Quiçá

Quiçá

Quiçá um dia irei lhe reencontrar,
Quiçá um dia voltarei a sonhar,
Quiçá um dia chova nessa seca,
Quiçá um dia voltarei a mar.

R. L. Drakonovovith

O Andarilho Errante

O Andarilho Errante

Estava escuro. Nada se conseguia enxergar; mas, era até melhor assim, naquele lugar devastado, destruído e abandonado, no qual, inclusive, as árvores mortas e sem folhas, manifestavam seu ódio através do vento farfalhando em seus galhos. Indiferente, o andarilho errante avançava na região sombria, apesar de não conseguir ver nada além de um palmo de distância. Seguia sempre, rumo ao oeste, mas não sabia o que poderia esperá--lo por lá. Algo o atraía naquela direção, e motivava cada um de seus passos, caso contrário já teria virado as costas e corrido o mais rápido possível, para longe daquele nefasto local.
Havia um mortal silêncio para além do vento e a sensação constante de desaprovação que o lugar parecia lhe dirigir. O tempo passava, lentamente, e parecia corroê-lo por dentro. Desde o momento que pisara naquela terra, seu coração pulsava aceleradamente. Só algo parecia iminente nessa ruína, a morte.
Depois de incontáveis horas, ouviu o barulho d’água em movimento. Seguiu o som e se deparou com um rio escuro; não conseguia imaginar de onde nascia ou qual era seu rumo, mas a simples visão de sua sombria cor, em uma região fúnebre, foi suficiente para não se atrever a bebê-la e sequer, tocá--la. Seguiu adiante o curso do rio, percorrendo seu amplo vale.
Entretanto, aquela terra não estava totalmente desprovida de vida. Logo percebeu isso quando se viu atacado por um corvo, carniceiro, a procura de comida. A sua primeira investida, o andarilho, surpreso, deu um passo para trás, mas a ave, sagaz, seguiu os passos de sua presa e o atingiu com tudo. Com esse golpe o homem perdeu o equilíbrio, tropeçou e, desacordado, foi recebido pelo rio, que o conduziu adiante.
Ao dar-se conta, estava boiando em um lago, não havia sinal de seu inimigo e sentiu-se feliz ao perceber tênue raio de sol esquentando sua face. A escuridão passara e havia esperança; era hora de seguir em frente. Não sabia quanto tempo permanecera inconsciente, mas o tempo urgia para ele: cada segundo lhe parecia importante. Era hora de confiar em seus instintos e partir sem saber com o que deparar.



Roger W. L.

Mentiras

Mentiras


Para mentir são somente necessário duas coisas, alguém que minta e alguém que escute a mentira.
Alguém que mente precisa ter uma cabeça estranha, não quanto ao formato, quanto a sua mente, pois além de precisar das duas coisas citadas acima, precisa ter um controle facial esplêndido (vulgo cara de pau), pois quando você mente precisa conseguir olhar no olho da pessoa que esta ouvindo a mentira e fazê-la acreditar na sua mentira com uma expressão facial "confiável".
Um grande ícone atual disse uma vez uma frase inteligente que resume o que eu estou tentando falar (ou seja a mentira), "existem três frases que levarão sua vida adiante: Não diga que fui eu, oh...boa ideia chefe! e já estava assim quando eu cheguei" Homer Simpson.


Durmispec

Interferência do Bem e do Mal

Interferência do Bem e do Mal

Mente em colapso, divirjo opiniões. Não é fácil ser eu mesmo, quando não o sou, penso que todos nós temos mais dois, alguns por hora os tem aprisionado na bastilha da mente em busca da civilidade, contudo alforriados em algum momento da vida. São representados de maneiras distintas, a mais conhecida tornou-se a verdade, estabelecida como preceito e dogma da sociedade, com a religiosidade sendo o único fator de cizânia, personagens da personalidade, conhecidos popularmente como: o bem e o mal.
Concebidos de diversas formas, na figura de Mefistófeles, de Goethe, ou no papel do salvador messiânico, podem nos auxiliar a abranger mais perspectivas e nos outorgam o livre-árbitro. Mas o conflito de opiniões costuma instaurar-se na mente, não sei como tratar os conhecidos “anjinho e diabinho”, pois não os são, têm personalidade própria, assim como a mim mesmo.
- Cabeça pensante! Decida por nós, não por ele. Segreda o de auréola.
- Concentre-se, não ofereça prudência, não deve fazê-lo, irá permitir com que exija? E o livre-arbítrio? Sugere o ex-Querubim.
- Perpetre unicamente o bem e nada além. Não podemos ter tudo na vida.
- Lembra-te o que diziam: nada é impossível. Como não podemos ter tudo? Estou errado?
Verborrágicos! Não os quero, nem mesmo suas opiniões, mas creio que são minhas, a partir do momento que os sou. Ora, tenho minha preferência, mas não posso acompanhá-la, amo o bem, porém não vivo sem o mal. Findo, pois, que o homem não pode ser apenas o do nimbo seria a perfeição que inexiste e não há, portanto, apenas o do tridente, pois seria a imperfeição, que há, mas não por completo.

Ragazzo

“Vá, vá, ragazzo innamorato” Machado de Assis.

Inspiração

Inspiração

Quando Camões me encantou,
Renato Russo cantou.
Uma canção que me inspirou,
E na cabeça ficou

Com o fogo do amor
Que arde sem se ver
Meu coração sente dor
Por te perder

Porque você fez isso comigo?
Por que você me fez sofrer?
Por que você não esta aqui comigo?
E por que deus fez chover?

É um não querer
Mais do que bem querer
Mesmo, agora, sem sofrer
Ainda com você vou viver.
R. L. Drakonovovith

Iniciativa

Iniciativa



Não sei por que ninguém toma a iniciativa
talvez porque tenham medo do que vão pensar
deve ser uma força maior ativa
porém se o fizer vou ter a chance de brilhar



se às vezes eu não converso pessoalmente
não me leve a mal nem entenda errado
eu não sei exatamente o que se passa em minha mente
pensei que todo aquele sentimento já tivesse passado

agora eu vou embora e muito obrigado!


Durmispec

Há um móbile no eixo na sala.

Há um móbile no eixo na sala.
Não há vento, mas ele gira.
E gira de novo...
A criança olha - O que será aquele pedacinho da sua ignorância? Sua tão bonita coloração a faz querer apanhá-lo. Uma pena estar tão apartado.
E gira de novo...
O jeito como ambula a faz querer tocar. Será que pode?
Estende o braço.. Ainda faltam mais de dois metros, se bem calculado.
Estende o braço...
Se cansa, e chora.


subuccuS
Etiqueta gente chata e careta
de todas as maneiras querendo nos uniformizar
engomados sintéticos e calados
todos os bonecos robôs dessa situação

elegância, fica pra depois
liberdade, já pros corações
cheios de censura cheios de frescura
decore tudo e não se esqueça de manter a sua postura

moralidade cem por cento
pecados capitais
minha religião urbana prega o prazer e não o mal
e se existe um preconceito
a culpa é de quem??
nós temos a solução e o erro é de vocês
querer julgar o certo e o errado
o bem e o mal baseados nos princípios
de alguns otários que não tem coração
que só sabem dizer não e que acreditam estar sempre com a razão

Escola

Escola

Há escola, boa escola
Por que estudar?
Para trabalhar?
Para viver, dançar, cantar?
Para ser feliz, aprender e mostrar
Que a vida pode mudar,
E na escola é onde temos de ficar?



R. L. Drakonovovith
Era um sábio, seus olhos cinzentos preferiam ser transparentes.
Queria ver nos livros o destino dos homens, mas infelizmente só os via nas provetas e afins.
Seria esse o destino esperado para a humanidade? A evolução havia tomado o lugar dos clichês?
O sábio desacreditara suas crenças, seus desejos, o clichê não poderia ser chamado assim se não era usado mais.
A ternura com o sábio se foi, nenhuma paz naquele lugar pousou.
A paz com os desejos se foi.



sedRule

Menina Mulher

Menina Mulher

Em uma típica manhã de sábado eu me deparo pensando em você.
A doçura de uma menina e o encanto de uma mulher, falar sobre você não e fácil. Tantas qualidades a serem citadas, tantos momentos a serem lembrados, inúmeras vezes as que eu olhei pra você e a admirei, e como admirei você menina mulher.
Tantas coisas aprendidas, porem tantas a serem ensinadas, tal fato que não lhe deve ser problema, afinal você sabe ouvir e aprender.
Tão bela. Beleza diferente das outras, uma beleza delicada, mas ao mesmo tempo provocante.
Me lembro dos dias que ríamos sem pensamentos paralelos. Aqueles dias éramos só eu e você, e mais nada.
Falar de você completamente, não posso, não sou capaz. Você é muito mais do que sei, muito mais do que vejo e sinto, talvez você seja o infinito menina mulher.
O que me é possível é te dizer como não ser, ou como ser para melhor.
A vida às vezes pode parecer um mar de felicidades, mas nem sempre será assim. Saiba que infelizmente tudo acaba, as coisas boas como as ruins, então esteja sempre preparada para isso e nunca espere que dure para sempre.
Se ponha sempre em primeiro lugar, nada nem ninguém no mundo é melhor do que você.
Viva pra você ser feliz, mas para isso não passe por cima de ninguém, porque os outros também têm os seus próprios sonhos e ideais.
Mostre sempre teu belo sorriso porque lágrima nenhuma é mais bela que ele.
E viva o mais intensamente que puderes, pois essa é a única chance que tens de escolher entre o certo e errado e fazer das tuas escolhas um caminho a ser seguido para toda a vida.
Nunca se esqueça de ter a força e a garra de mulher que te destacam e use-as para lutar por tudo que lhe é certo e justo. Porém, nunca deixe de ser aquela menina que conheci, aquela que tem a doçura que me encantou e encanta a todos que te olham nos olhos.

Mayara Cukier.
Dedico Isto Ao Brilhante Organizador
Inteligência Notória Favorece Envelhecer Rapidamente No Orgulho
Desta Eu Unifico Sabedoria
Para Antecipar Rapidamente A Inteligência Sem Orgulho


Sem Alguma Trapalhada Atrás

Costoso e ingenuo ragazzo,

Costoso e ingenuo ragazzo,
Não sei quem pensas que sou. Apenas não sou. Um momento! Não posso saber! Também não sei quem és.
Não sei quem sou!!!
Compartilho das mesmas crenças, dos mesmos desejos e da mesma longa história e, como disse o Moré:
“Erramos”
Que culpa tenho de ter um pai cujo prazer é colecionar discos. Não tenho culpa, tenho sorte.
Que culpa tenho de ter uma Morá cujo hábito é ler um grande autor. Não tenho culpa, tenho sorte.
Dolce compagna di classe é um prazer responder-te. Espero que continuemos essa honesta e interessante peleja!!!!

Nabal
PS: VIVA O GOOGLE TRADUTOR!!!!
Correndo pela estrada, perdido no tempo.
Há anos permaneço nesta jornada.
Assim vai a tartaruga, devagar e sempre, não vou desistir.
Zumbidos ecoam nos meus ouvidos, mas nada irá mudar.
Intuição de que algo esta para acontecer
Todos juntos com forças para algo maior

Haverá no peito apaixonado uma última gota de suor
Anos? Já são mais de 50
Nunca chegará ao fim
Onde as portas abertas estarão trancadas
Ainda há uma frente que comanda
Realizar essa jornada, muito mais que um sonho, mais que um sentimento

Nunca haverá nada impeça esta busca
Indispensável, responsabilidade
Hoje não há nada que se compare
Dias vão passar despercebidos
Sempre a nossa frente comandará.
Haverá sempre um jovem dentro de mim.


CHHA.

Como descrever o amor?

Como descrever o amor?

Como descrever a dor de quem perdeu o seu amor?
Como descrever a saudade que um dia foi felicidade?
Como descrever o que você foi pra mim?
Como descrever uma amizade sem fim?

Como descrever o que eu sempre quis?
Como descrever como fui feliz?
Como descrever o nosso passado?
Como descrever você ao meu lado?

Como descrever como te deixei sair do meu coração?
Como descrever essa ilusão?
Como descrever quando você partiu?
Como descrever o que meu coração sentiu?
Tantas ideias pra tão pouco espaço na televisão
tanta loucura pra um pouco mais de atenção
e tudo que eu digo tem que ter uma razão
e tudo que eu canto tem que vir do coração
as pessoas vão e eu fiquei pra trás
mas nunca é tarde pra ser tarde demais
cansei de mentir, não vou mais fugir de mim

mesmo que assim só me reste
uma pontinha de imaginação
eu uso ela todinha
e transformo em uma canção

eu ando tão perdido
e tão fácil de me encontrar
em qualquer barzinho
em qualquer outro lugar comum ao sol!


a cabeça girando
me agite antes de usar
a noite esta acabando
e o show não vai parar

é..
que eu ando tão sozinho
e tão fácil de me apegar
a quaisquer pessoas
a qualquer outro lugar comum

LONGE DA MINHA :P
Acabou-se o que era doce
o cigarro apagou
e a bebida que era muita, nem uma gota restou
a noite está terminando
e ela ainda nem começou
o sol mal está nascendo
e o carteiro já passou
e as notícias do jornal que não param de sair
tão fresquinhas, tão amargas, tão difíceis de engolir
e eu contribuindo com minha parte e discutindo
sobre a arte de roubar sem ser detido.

Minha oficina do diabo trabalhando sem parar
e a minha mente vazia cheia de coisas pra pensar
como perguntas teoremas teorias ou poemas

(o que você quer ser quando crescer?)
-eu quero ser feliz como você
(qual faculdade você vai prestar?)
-mas eu não presto pra nada
(o que você espera da sua vida?)
-o que é que a vida espera de mim???

que eu tenha sucesso no meu emprego
mulher carro e dinheiro, gaste tudo no submundo
e mantenha os meus segredos
bem longe da minha família
e que minha filha minta
pra fazer a sua cabeça com as amigas.

LONGE DA MINHA :P

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Quem disse que a distância separa a paixão?

Quem disse que a distância separa a paixão?

Quando almejamos tanto ao impossível,
Acabamos tornando-o possível.
Sou capaz de tudo para realizar um sonho.
Mas às vezes posso tornar dele algo risonho.

Só de pensar em você,
Já bate aquela saudade no coração.
Tamanha distância que ao menos dá pra crê,
Essa dor que traz a paixão.
Ce Dezoito
Esperei por todos esses inesgotáveis anos!
Danos que jamais perderei.
Procurei algo longe mim,
Enfim nada encontrei.
Negociei com o ego,
Pego-me em desespero,
Exaspero-me com o mundo,
Sucumbo de maneira atroz.
De foz em fora me apavoro,
Poro em longas águas.
Nabal

O quadro branco

O quadro branco

Estava parado em frente ao quadro submerso em um mar de pensamentos. Estudava as linhas inexistentes. Eram seus reflexos. Não havia nada além de alguns borrões, mas eles, não podiam ser considerados linhas (não eram uniformes, nem bonitos). O quadro não estava em branco, mas não se podia ver nada além de algumas formas incolores. O reflexo de alguém que não tinha nada a refletir, um ninguém. Estudava as linhas inexistentes – Onde estariam as tintas coloridas? Será que as havia perdido, ou será que nunca as tivera? Submerso em seus infinitos pensamentos olhava o quadro branco.
subuccuS
Olha e sorri,
Amarelos, mas sorri.
Sorri e olha,
Verdes, mas olha.
Fita-me e beija,
Vermelhos, mas beija.
Beija-me e fita,
Verdes, mas fita.
Olha, fita, sorri, beija-me e se vai.
Amarelo, verdes, vermelhos, verdes na mais triste escuridão!!!

Allunu

Perene Nabal

Perene Nabal
Nabal é aquele que nos diz saber quem o é, sem poder identificá-lo a seguir, sim, já inicio dispendioso leitor, expressando o meu ver sobre a atroz curiosidade em descobrir a identidade de quem se encobre por trás da banalidade. Pode considerar-me hipócrita ao esconder em Ragazzo minha identidade e sou, mesmo que a questão não seja por vez o nome suposto.
Evidências tenho aos montes, o suspeito é admirador assíduo de metamorfose e não dispensa elogios à sua coleção cotidiana e construtiva, sejamos mais claros, guarda discos de vinil. Claro! Os discos que giram em sentido contrário. Creio que quem o seja atua com primor, pois tardei a acoplar as evidências. Ratificou ainda que já havia o feito em outros lugares, talvez este tenha sido seu erro, quiçá o fez propositalmente e o único despropositado sou eu.
Não pretendo solidificar o mito, mas dilapidá-lo por hora. Creio que poucos me compreenderam, mas para os que fizeram, peço perdão. Posso estar derribando a esfinge e a graça, mas é o que pretendo.
Nabal o é.

Ragazzo

Quem disse que a distância separa a paixão?

Quem disse que a distância separa a paixão?

Quando almejamos tanto ao impossível,
Acabamos tornando-o possível.
Sou capaz de tudo para realizar um sonho.
Mas às vezes posso tornar dele algo risonho.

Só de pensar em você,
Já bate aquela saudade no coração.
Tamanha distância que ao menos dá pra crê,
Essa dor que traz a paixão.
Ce Dezoito

Um sonho de menina

Um sonho de menina
Se ele é o homem da minha vida, eu não sei.
Se ele era o homem que eu sonhava, não é.
Mais ele é uma pessoa totalmente diferente das outras...
O jeito que ele me trata, o jeito que ele fala comigo, o jeito de ser dele.
Isso me encanta e me deixa cada vez mais apaixonada.
Meu amado é único, e com o meu sonho de amar realizarei o maior sonho de minha vida: me casar.
O meu sonho sempre foi ver você em lugares que nunca te vi, principalmente aqui, no mar, na minha casa com sol e um céu azul.
Te amo e assim para sempre com você eu desejo estar e sonhar

Rebekka Drakonovovith

terça-feira, 25 de maio de 2010

Tamanha saudade

Tamanha saudade

Quanto rancor,
Não faça isso com meu irmão.
Por que tanta dor?
Levante já desse chão!

Às vezes penso : O que fazer ?
Nem ler mais tem o mesmo poder.
Olho para o alto e vejo um lindo arranha-céu,
Ah, que saudade do meu pobre miguel.
Tal qual aquele conto nonsense,
Observava...
Refletia...
Quantas belíssimas frases caberiam naquela folha em branco.
Tal qual aquela novela de Samsa,
Jantava...
Varria...
Todos os poemas que desejavam aquela folha em branco.
Nabal

PASSAGEIROS DO TEMPO

PASSAGEIROS DO TEMPO

Quarta-feira, fim de tarde. Reunião na Nestlé, primeira vez no cliente. Fácil acesso pela Av. Luiz Carlos Berrini, Morumbi. Desço e me dirijo à recepção.
Ela abre um sorriso ao me ver. Faz sinal para que eu espere enquanto está ao telefone. "Eu a conheço", penso. Encosto no balcão e olho para ela novamente. "Tenho certeza que já a vi em algum lugar". Cabelos negros, olhos castanhos, sorriso de criança. No crachá, Vanessa. Procuro me lembrar. Fixo os olhos no chão e saio varrendo a mente em busca de respostas. Nada. Nossos mundos distintos pareciam criar um abismo ainda maior. Não havia respostas. Havia apenas uma luz, que como num estalo brilhou e, da mesma forma que veio, se foi.
Ela desliga o telefone. Digo quem sou e peço pelo Ronaldo da contabilidade. Ela liga para ele, preenche a ficha e me entrega, juntamente com o crachá de visitante. Incrível como toda essa burocracia me faz mal.
- Ele pediu pra você subir e aguardá-lo na recepção do segundo andar - o sorriso me pareceu ainda mais familiar, como se um dia tivesse feito parte de um sonho. - Ele o encontrará lá.
Olho ao redor e não vejo escadas.
- E como chego ao segundo andar?
- Nunca esteve aqui antes?
"Se tivesse estado, não perguntaria". Preferi manter a polidez.
- Não, é a primeira vez.
- Então queira me acompanhar, por favor.
Ela sai de trás do balcão, dá a volta e se dirige a uma porta de vidro na lateral. "Conheço você..."
- Está vendo aquela rampa? - Ela aponta na direção de outro prédio. - Vá por ali e ao final da escada vire à direita.
Agradeço e tomo meu caminho. E de repente sua voz volta atrás de mim.
- Tem certeza de que nunca esteve aqui?
As obviedades pareciam se suceder, me virei.
- Tenho.
- Desculpe. É que você me é tão familiar que achei que já tivesse estado aqui antes...
Estremeci enquanto ela dava as costas e voltava para trás do balcão. Sua rotina permaneceria ali, encerrada em seus anseios e dúvidas que por um instante me assaltaram como se fizéssemos parte de um plano comum. O elo, atado em algum lugar do passado, uma vez mais se desfazia.
Permaneci ali, parado, como se o tempo tivesse congelado aquele instante. Fechei os olhos e suspirei, vi flashes de luz em meio a uma enorme tempestade.
Achei que escreveria sobre isso.


GISELE CHARAK

Para que serve o amor?

Para que serve o amor?

Ao longo de toda vida,
Ainda não consegui descobrir o que é amar.
Amar é tão bom como viver a vida,
Ou apenas é uma forma de se decepcionar?

Por que brincar com algo de tanta importância,
Se você pode tratar disso com muita constância.
Preste muita atenção,
Porque do nada você pode magoar o coração.
Olha aquela garotinha que me olha
Olha aquela garotinha que me sorri
Olha aquela garotinha que me toca
Que me esbarra
Não repara
Que é barra
Olhá-la
Mas sem sentir.
Finge que é fada
Que na cor se funde
Mas não me confunde
Que não mais sorri
Olha aquela garotinha que me foge
Olha aquela garotinha que me fere
Olha aquela garotinha de quem jamais desisti.
Alunu

O Menino que Queria Ser Jogador de Futebol

Coleção de Nonsenses com Sentido
Guilherme Cohen

O Menino que Queria Ser Jogador de Futebol

Certo dia Wellington acordou com uma tremenda vontade de jogar bola. Foi direto, então, falar com o seu pai, pedindo para o mesmo que lhe levasse para a praça ao lado de sua casa para jogar futebol com os garotos que sempre estavam por lá.
Mas não foi tão simples. O pai de Wellington falou ao seu filho que ele teria que passar por uma serie de testes para mostrar que podia jogar bola na praça. Primeiro, o pai pegou um taco de basebol e deu com tudo no joelho direito de Wellington. O menino ficou berrando de dor, e o osso de seu joelho quase saiu, o pobre Wellington mal conseguiu se levantar. E seu pai dizia que para ser um jogador de futebol seria preciso aguentar dor e mandou o moleque se levantar.
Mesmo morrendo de dor, o pai de Wellington não teve piedade e foi logo para o segundo teste. Pegou um prato cheio de verduras e legumes mal lavados, sujos, aqueles de final de feira, e mandou seu amado filho comer. Wellington sentia tanta vontade de ir à praça que comeu aquela mistura de alface com larvinhas, com enorme vontade, para ele, as cócegas que as minhocas faziam em sua língua eram até divertidas. Seu pai o elogiou, falando que ele já estava comendo como um jogador.
Wellington achava que estava pronto, mas seu pai riu ironicamente, como se ainda faltasse muito pra levar o fedelho à praça. O terceiro teste foi algo bonito de se ver. Algo comum no futebol são os cortes e pontos que os jogadores acabam levando no rosto. Assim sendo, o bondoso pai pegou sua Gilette e fez um corte brilhante em toda testa de Wellington, até cortou o supercílio do garoto. Aquilo fez um belo estrago, sangrava e sangrava e Wellington mais uma vez gritava e chorava de tanta dor, mas mesmo assim, ele queria jogar bola, e seguia pedindo ao seu pai que o levasse à praça.
O pai então falou que tudo bem, contanto que Wellington passasse pelo último teste, que não era dos mais doloridos, ele simplesmente pediu para o seu filho fazer algumas embaixadinhas, Wellington então pegou uma bola de plástico e mostrou suas habilidades. É lógico que não seria tão simples. O amigável pai de Wellington disse para o seu filho que se quisesse jogar bola, ele deveria jogar com uma bola dura, e não aquela bolinha de plástico, então o pai pegou uma bola de boliche que estava na geladeira e jogou no peito de Wellington. O filho até conseguiu dominar o lançamento feito pelo pai, mas um dos buraquinhos que é para por os dedos na bola de boliche prendeu em um de seus dedos e depois de puxar um pouco como chiclete o dedo de Wellington fora arrancado.
Moral da história: vá ler um livro!

Casebres

Casebres

Odor negligente de favelas sórdidas,
Vidas vividas por pessoas mórbidas,
Banjo melódico de ventos sem rumo,
Penúria que os mata com aprumo.

Secura se apropria de cobiças,
Raças, credos, culturas mestiças,
Nenhum sinal de vida aparente,
Tijolos unidos, corações dormentes.

Doce sabor da riqueza,
Falta de amor à pobreza,
Juventude valente e corriqueira
Lutando, cantando, capoeira.

Rodrigo Lerner

A tão esperada partida

A tão esperada partida

Ao longo de toda a minha vida,
Fiquei à espera desse dia,
O dia de minha partida.
Ah que saudade ficarei da minha família.

Ao som do lindo moinho,
Quando ligava, dizia com baixo tom : - Estou a caminho.
Andei, corri, descansei.
Finalmente gritou : - Cheguei !

A nova velha São Paulo

A nova velha São Paulo

Moro por essas bandas desde minha infância, mas só há pouco parei para refletir sobre a mudança das coisas por aqui. Lembro que todo domingo papai me levava para dar uma volta pela cidade, nunca entendi ao certo o motivo, sabia apenas que desejava que eu adquirisse um novo olhar sobre a nossa São Paulo, como costumávamos dizer.
Falava-me que, em seus tempos, não havia Shopping Centers, emocionava-se ao recordar a inauguração do Iguatemi, na década de 60. Lembranças vinham à tona quando o assunto eram os refrescantes e poéticos passeios no bondinho que passava pela Avenida Ibirapuera. Não me esqueço da primeira vez em que me arrastou ao Parque da Luz, pensava que era sinônimo de tráfico e prostituição, mas cri em suas doces palavras quando me alertou que seu passado era recheado de descontrações de crianças ou de encontros de casais e amigos.
As ruas não mais me assombravam e muito menos transportavam, passei a entender sua essência, sua alma. Papai narrava os mais belos contos de suas peripécias e de seus amigos na Avenida 23 de maio, desde quando ficaram presos no recém-inaugurado mercado Gunga-Din ao espetáculo da chegada da consagrada seleção de 70.
Contudo, não serão essas belas histórias que aprendi que repassarei aos meus filhos, ensinarei a eles que o importante não é se fazer notado, mas sim notar com um olhar crítico de cidadão a cidade que está a nossa volta, tentarei mostrar-lhes que se deve romper com as diversas barreiras sociais impostas, barreiras essas que julgam e que reprimem.
Se algo ficou destes passeios foi o ceticismo herdado de meu pai, passei a compreender o que realmente é ser cidadão de uma megalópole como essa em que a principal variável tornou-se o tempo, em que somos calados pelo sistema e onde a arte passou a ser o grito de liberdade. Chego a cogitar a sorte de Papai de não ter vivido tempos como estes, mal sabia ele que a sua história seria aos poucos apagada e que sua memória seria substituída por torres, edifícios e arranha-céus. Posso afirmar com precisão que essa não é a mesma São Paulo daquela dos contos que ouvia nos mais belos domingos.
Emociono-me até hoje ao lembrar, mas como enfatizava meu pai: “São Paulo que, a despeito do nome, de santo não tem nada”.
Rodrigo Lerner

No canto escuro

No canto escuro
Nada era digno de contemplação, nem mesmo um mero desvio de olhar. Seus olhos fixos no horizonte sem meta em uma cidade sem horizontes. Ia em frente, ignorava suas margens, as placas de dois gumes e as bitucas depositadas nos solitários acostamentos. As vozes eram ecos de um disco girando em sentido anti-horário em desvairada rotação. Os sonhos se apagavam como antigas fotos de memória ignorada.
Como iria acordar?
Quem iria varrê-lo?
Iria apodrecer no canto de um cinzento quarto sem a ajuda de uma réstia de luz...
Nabal